domingo, 21 de fevereiro de 2010

Fading Away

Quando acordei, já não o encontrei. Ainda sonolenta, tateei o seu lado na cama e os lençóis nem estavam mais deformados pelo peso do seu corpo. Esfreguei os olhos tentando melhorar a visão ainda embaçada e sentei-me na cama. Busquei-o pelo quarto pouco iluminado e certifiquei-me da sua ausência. Incrédula, fechei os olhos e aspirei com força para que o seu cheiro, único e inconfundível, pudesse penetrar as minhas narinas. Entretanto, nada senti. E nada mais senti, nem angústia, nem desespero, parecia que a sua partida era algo natural e a incredulidade tornou-se conformismo. Andei pela casa e nela não havia mais nada dele. Seu riso, sua voz e seu cheiro haviam sido engolidos pela sobriedade da rotina. Em mais uma tentativa de encontrar-lo, cerrei os olhos e busquei-o em meus pensamentos. Sua imagem já embaçada e confusa ia, pouco a pouco, desfigurando-se e direcionando-se lentamente para os locais mais recônditos da minha memória.

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