quinta-feira, 30 de julho de 2009

Dinheiro (não) traz felicidade

Ele sempre acreditou que a felicidade estava no ser e não no ter. O importante é a essência, ele costumava dizer. Viveu sob esses princípios durante toda a sua vida: escolheu estudar o que gostava, tentava aproveitar os momentos simples da vida – aqueles que ele via que não poderiam nunca ser comprados.
Mesmo tendo frustrado as expectativas da família fazendo escolhas poucos lucrativas, acabou entrando nos eixos: casou e teve uma filha. Foi, no entanto, com essa vida tradicional de marido e pai de família que percebeu que tinha antes disso vivido uma mentira. A mulher reclamava que a geladeira estava estragada, que ela precisava arrumar as unhas e o cabelo toda a semana, porque, de acordo com ela, mulher desleixada é mulher traída. A mensalidade da escola da filha adolescente estava, mais uma vez, atrasada, e a menina queria as roupas da moda, queria sair para festas, queria tudo o que não podia ter.
Diante da centena de contas atrasadas, das noites mal dormidas, da fachada mal acabada da casa, do choro da filha e da queixas da esposa, lembrou-se da vida sem preocupações materiais: era boa, mas não podia durar. A realidade estava ali e ela queria dinheiro e consumo. Soube, então, que só teria tranqüilidade quando tivesse meios financeiros para a comprar. O dinheiro não traria felicidade, ele sabia, mas a traria para mais perto de suas mãos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário