sexta-feira, 24 de julho de 2009

Príncipe-Sapo

Mariana não aguentava mais, na busca pelo Príncipe Encantado já tinha beijado muitos sapos:
- Sabe, Lê, não dá mais! Cansei. Os homens são todos iguais, uns idiotas, isso é o que eles são. Quando tu encontra um que te abre a porta do carro e te leva pra jantar num restaurante legal, tu pega ele olhando pra tua amiga. Quando ele tem um papo legal e tem um emprego decente, tu descobre que ele precisa da mãe até para lavar as cuecas. Eu desisto, assim não dá – dizia ela enquanto levava uma colher de negrinho, o qual era saboreado diretamente da panela, até a boca.
A amiga ficou pensativa e, depois de lamber com cuidado a sua colher com o doce, disse para a outra:
- Ai, guria, não é bem assim. Eu ainda acredito que a gente vai achar os nossos Príncipes Encantados, acho que vale a pena sonhar. Imagina a gente casando de branco na Igreja? Que lindo! Para com isso, tem alguém perfeito pra ti em algum lugar, tu vai ver - e, pensando nisso, Letícia se deu conta de que, comendo negrinho, não teria a silhueta apropriada para o seu sonhado vestido de noiva.
As duas se calaram,talvez até duvidando um pouco de si mesmas, pegaram mais um colherada de negrinho e, com uma caixa de lenços de papel ao alcance das mãos, continuaram assistindo a Notebook pela terceira vez.
Mal sabiam elas, entretanto, que a busca pelo Príncipe Encantado era inútil. A dura – e talvez feliz – realidade é que até o melhor dos príncipes tem um pouco de sapo.

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