sexta-feira, 10 de julho de 2009

"what if?"

Creio que todas as pessoas já se perguntaram “E se eu tivesse feito diferente?” ou “E se isso não tivesse acontecido?”. Perguntas que não têm resposta, mas que insistimos em querer desvendar. Eu tenho recentemente me perguntado com mais freqüência o que seria diferente se meu pai estivesse por perto. Por mais que talvez seja tempo perdido ou sofrimento desnecessário, me questiono quem eu seria se ele não tivesse partido tão cedo.

Faz já quatro anos que ele se foi e as dúvidas ainda permeiam os meus pensamentos. Passado o impacto inicial, passei a pensar no andar das coisas, no fluxo da vida e que papel eu tenho nisso tudo e que influência meu pai teria nas minhas escolhas. Será que eu seria a mesma? Estaria eu menos perdida? Ou melhor, seriam as minhas decisões mais certeiras? Como eu gostaria de poder responder a isso tudo! O problema é que talvez as respostas não fossem do meu agrado. Hoje vejo que se eu tivesse tido mais tolhida a minha liberdade, talvez eu tivesse menos arrependimentos.

Outras questões mais complexas também se fazem presentes. Se nós não tivéssemos tido uma relação tão conflituosa, seria maior a minha dor? Eu nunca senti a culpa comum àqueles que perdem pessoas queridas, porque não transformei em um santo após a sua morte. Ele se foi deixando também lembranças ruins que às vezes se confundem com a saudade. Se as brigas não tivessem ocorrido eu não teria a sensação de ter esquecido seu rosto? Admito que me sinta culpada nesses momentos, quando percebo que o seu rosto se embaça nos meus sonhos e preciso no outro dia pegar uma foto para lembrar com mais exatidão.

Eu me pergunto se ele teria me dado direções. Será que a dificuldade que tenho em tomar decisões se deve ao fato de ele não ter tido tempo de me explicar como funcionam as coisas? Ou melhor, por que eu acho que ele seria capaz de me explicar o funcionamento das coisas? Acho que às vezes tento fazer da sua partida motivo para as minhas limitações quando na verdade vejo o quanto isso deveria me fazer mais forte. As dores de qualquer tipo me parecem agora tão mesquinhas. Mas, e se meu pai estivesse aqui, eu estaria com menos dúvidas?

3 comentários:

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  2. As respostas existem justamente porque existem também as dúvidas. A indecisão também é minha companheira embora eu não tenha perdido um ente querido tão próximo. Acredito realmente que ele teria apontado direções, te explicado algumas verdades e te fazer duvidar de outras. Pai e mãe são os nossos alicerces. Embora às vezes não pareça, eles são. E por mais conflituosa que fosse a relação de vocês, por mais que tu o detestasse em algumas situações, aquilo que tu és hoje reflete quem foram teus pais. Não há como se desvencilhar disso. E digo sem conhecer teus pais que eles foram pessoas muitos boas, sem dúvida. Pois te conheço e sei o quão especial tu és.
    E ainda que tu duvides da tua força, o fato de tu escrever sobre e lidar assim com esse assunto já é a prova de que tu te tornaste mais forte.
    Eu sei que parece clichê falar tudo isso, mas não é. Desculpe-me se me intrometo, apaga o comentário se quiser. Queria só te dizer que qualquer dor ou alegria que sintas, terás de mim quantos abraços precisar.

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  3. Eu sei que conto contigo, Bonita. Adorei que tu comentou! =)

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