quinta-feira, 6 de agosto de 2009

In Disguise

Não te enganes com a minha aparência comum
Não te confundas com os meus gostos banais
Ou com o meu vestir sem graça
Nada do que chega aos teus olhos é o que vai além dos meus.

Não te iludas com a minha rotina vulgar
Não te rias das minhas atitudes-clichê
Ou do meu jeito estereotípico
Toda a transparente obviedade funciona como um espelho teu.

Não te enganes com a minha provável superficialidade
Não te confundas com os meus hábitos triviais
Ou com as minhas posses ordinárias
O que fazes é passar os olhos ao invés de ler o que de fato é meu.

Se fores capaz de as minhas camadas desvendar
E a minha trivialidade desinflar,
Descobrirás que o que sou
Sai de um lugar muito comum para um muito peculiar

2 comentários:

  1. Poetisa de primeira linha, se me permitem o elogio.

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  2. Este poema tá danado de bom. Gostei por demais da metáfora das camadas e do tom arrogante. Clarisse Lispector escrevia assim, aliás todas as mulheres que de fato fizeram literatura eram extremamente assertivas. Lígia Fagundes Telles (nunca sei se são um ou dois "ts")tem um livro eletrizante bem nesta linha: "As Meninas",embora seja um texto inicial, é excelente. è isso aí, acho que vais longe. E saber da tua caminhada me dá um enorme prazer.

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